segunda-feira, 9 de agosto de 2010


''Amor de verdade, amor que se consolida, que se eterniza, se faz conhecer quando as delícias do sexo são inviáveis, quando a beleza está ausente em sua forma plástica, quando os corpos já não se apresentam atraentes e apetitosos como em outras épocas. Amor de verdade mesmo não é à primeira vista que acontece, pois à primeira vista, no máximo, o que ocorre, é o desejo instantâneo e desenfreado, é a abertura da porta por onde “pode” acontecer de adentrar o amor imperecível, mas até que se prove à ferro e fogo, é paixão, e isso não é pouco.
Ao que chamam de amor à torto e à direito vejo os desejos das fantasias; dos quais não estou livre, e nenhum amante está. Mas o amor de verdade se conhece é na podridão da ferida, no odor fétido que sobe da boca amargurada, no cérebro atrofiado que já não mais produz jóias da inteligência e do humor, mas sim delírios da morfina, vácuos da demência senil, ausências do Alzheimer...
Amor de verdade, amor que não se mede, não está presente no simples ato de ir buscar prazer com quem se possa tê-lo em abundância, mas sim no ato de ir dar apoio a quem sofre uma dor profunda e inevitável, quando o seu próprio peito esta doendo por esta pessoa; e note, e não perca de vista: refiro-me ao amor de namorados, de pessoa para pessoa, é deste que falo.'' (Jefhcardoso)

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